A RELAÇÃO ENTRE A ESPIRITUALIDADE E SAÚDE!!

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“Todo-o-mundo é louco. O senhor, eu, nós, as pessoas todas. Por isso é que se carece principalmente de religião: para se desendoidecer, desdoidar. Reza é que sara loucura.” Em 1956, quando lançou sua obra-prima, Grande Sertão: Veredas, Guimarães Rosa antevia uma discussão que até hoje não encontrou consenso. A ligação entre espiritualidade e psiquiatria é um campo de estudo antigo, mas que só agora é considerado passível de investigação científica. 

Além da melhora na qualidade de vida e no ganho social do indivíduo, os trabalhos demonstraram que a espiritualidade tem implicações expressivas em campos espinhosos da psiquiatria, como a prevenção do suicídio e a recuperação de suicidas. A falta do lado espiritual (ou uma visão distorcida, “fanática”) pode, por outro lado, piorar quadros depressivos e aumentar as chances de abuso de drogas, além de outros transtornos mentais.

Essas duas palavras — sagrado e transcendente — são centrais quando o assunto é espiritualidade. A partir delas, pode-se ou não formar uma comunidade, que seria, de acordo com Alexander, a religião. “A religião é um sistema de crenças e práticas que busca a aproximação com o sagrado e com o transcendente. Uma religião seria a forma institucional, coletiva, de espiritualidade.” É perfeitamente possível, portanto, haver espiritualidade sem religião.

Segundo o médico, a previsão da ciência era de que a humanidade trocaria a religiosidade por uma visão estritamente materialista da vida entre o fim do século 19 e o início do século 20. Não foi o que aconteceu. A humanidade, em sua maioria, mantém crenças e práticas religiosas e espirituais.
Não restam dúvidas de que a população brasileira é extremamente religiosa. Mas até que ponto isso influencia na saúde? “Há uma grande complexidade na relação entre os dois. Não é simplesmente dizer que a religião é boa ou ruim”, frisa o psiquiatra. A religiosidade, segundo ele, é algo multidimensional: é possível começar a investigação a partir das crenças religiosas do indivíduo, da frequência de orações, sobre o modo como a pessoa lida com os problemas por meio da religião. Cada uma dessas dimensões terá relações diferentes com os desfechos na saúde, como depressão, mortalidade e qualidade de vida.

Para os idosos, a religiosidade foi a principal fonte de suporte social. Venceu, inclusive, família e amigos. Em um estudo de 2009, intitulado “Religiosidade e espiritualidade no transtorno bipolar do humor”, Alexander Moreira-Almeida pesquisou 168 pacientes bipolares e descobriu que os pacientes que frequentavam serviços religiosos tinham menor frequência de quadros de depressão. O coping (termo da psicologia que se refere à forma com que encaramos os eventos da vida) religioso positivo também ajudou a manter a tristeza a uma distância segura. 

A religiosidade parece influenciar também aspectos mais primitivos, digamos, da psiquê humana. O vício, por exemplo. “Quanto maior o nível de religiosidade, menor o abuso de drogas”, resume Alexander Moreira-Almeida. 

Para o profissional, integrar espiritualidade e psicoterapia passa por um processo de conhecer o conceito: o primeiro passo, segundo Pargament, é entender o que se quer dizer com “espiritualidade”. “Uma das coisas mais importantes é aprender a ouvir com o quarto ouvido”, ensina. Se na psicoterapia “ouvir com o terceiro ouvido” quer dizer escutar atentamente o que o paciente diz e o que ele não diz, o quarto ouvido seria a audição da alma, ou do sagrado. Só para frisar: o tratamento espiritualizado dentro da psicoterapia não é uma alternativa aos métodos convencionais de terapia, mas um complemento. “Você não precisa escolher. É um tratamento integrado a qualquer modelo.” 



                EXTRAÍDO DE UMA REPORTAGEM DO CORREIO BRASILIENSE.

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FONTE:*****CORREIO BRASILIENSE
               *****UFES.BR

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