O EXAME DA OAB!!!!
O último exame da OAB bateu todos os recordes, porque reprovou 90,26% dos bacharéis inscritos. Em conseqüência, o Presidente da OAB aproveitou para tentar justificar, uma vez mais, a "necessidade" desse exame, apesar de sua gritante inconstitucionalidade, providenciando a publicação de matéria na Revista Veja, e imediatamente encaminhou ao Ministro da Educação uma lista com as faculdades de direito que obtiveram "índice zero" no exame de ordem, ou seja, aquelas faculdades "cujos estudantes (...) se submeteram à última edição do Exame de Ordem, mas, no entanto, (sic) não tiveram nenhum candidato aprovado após as duas etapas do exame."
É verdade que existem muitas faculdades de péssima qualidade, mas isso não é exclusividade dos cursos de direito.
Aliás, o maior problema talvez não esteja no ensino superior, mas na base, em um país que paga salários miseráveis aos seus professores e não lhes oferece as menores condições de trabalho. Depois de quase 44 anos de magistério superior, em uma Universidade Federal e em diversas instituições privadas, creio que já devo ter visto quase tudo.
Prevalecem, quase sempre, os interesses corporativos. Prevalecem, frequentemente, os interesses dos grupos que controlam as universidades públicas e os interesses dos donos das faculdades particulares. Prevalecem os interesses dos políticos que controlam o Ministério da Educação. E prevalecem, é claro, também, os interesses dos dirigentes da OAB, que querem ampliar cada vez mais o seu poder.
O Governo "abandonou" o ensino superior, o que levou ao crescimento das instituições privadas, que hoje respondem por mais de 80% de suas vagas.
E qual é o problema das faculdades particulares? Mesmo com o Prouni e o Fies, muitas famílias brasileiras não têm condições de pagar um curso superior para os seus filhos, o que faz, às vezes, que não haja uma boa seleção, nos vestibulares de muitas faculdades particulares. Se a faculdade tem vagas ociosas, e o candidato passa na porta, já está matriculado.
E o professor? Nessas condições, como lecionar para acadêmicos que não tiveram uma boa formação básica e não conseguem entender o que lêem? Como lecionar para turmas de 70 alunos, ou mais? Como ensinar Direito Constitucional ou Teoria do Estado com apenas uma hora semanal, às vezes na "sessão coruja", ou seja, naquela aula que começa às 21.50 h.?
Como passar trabalhos de pesquisa para alunos que já estão acostumados com a rotina do "copiar e colar"? Evidentemente, existem muitos acadêmicos que se esforçam, estudam, e elaboram pessoalmente os seus trabalhos. Mas se o professor verifica que a maioria da turma copiou da internet o trabalho e se o Coordenador decide que esse trabalho deve ser desconsiderado, o que deve fazer o professor? Aceitar essa imposição ou perder o salário mínimo que recebe daquela instituição de ensino superior?
Afinal, nas instituições privadas, as condições do mercado preponderam. Os alunos estão pagando e a instituição não pode perder receita. Portanto…
Cabe ao professor, assim, conciliar tudo, para que os acadêmicos fiquem satisfeitos e o Coordenador também.
Nessas condições, é claro que o diploma servirá apenas para que o bacharel obtenha, por exemplo, uma gratificação de nível superior em algum órgão público.
FONTE: JUS NAVIGANDI por FERNADO LIMA
CIDADEVERDE
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