O HOMEM DA MÁFIA(filme)-BRAD PITT


O Homem da Máfia Estreia: <i>O Homem da Máfia</i>

                             COMENTÁRIO DE RUBENS EWALD FILHO

"O Homem da Máfia (Killing them  Softly).  EUA, 2012. Direção e roteiro de Andrew Dominik. Imagem. Com Brad Pitt, James Gandolfini, Ray Liotta, Richard Jenkins,Scoot McNary, Ben Mendelsohn, Sam Shepard, Trevor Long, Vincent Curatola, Slaine. 97 min.
Existem filmes que só se definem pela cena final. Tenho certeza que Brad Pitt resolveu produzir e estrelar o filme quando leu o texto e achou que não podia perder aquele discurso. Sempre tentando não revelar o desenlace propriamente dito, depois de resolvida a situação, Brad que faz um matador profissional se encontra num bar com seu intermediário com a Máfia ou o crime organizado.
Durante todo o filme, que não tem trilha musical, o que se ouve de fundo são os sons e ocasionais imagens da campanha eleitoral de quatro anos atrás quando o Obama estava discursando tentando se eleger presidente. Todos aqueles clichês que a gente já conhece que político diz, são o background para mais uma ação de acerto de contas da Máfia com mão de obra especializada.
Talvez seja bom explicar a história. Andrew Dominik caiu nas graças de Pitt quando fez com ele O Assassinato de Jesse James… (2007) elogiado pela crítica, rejeitado pelo público por que era lento e esticado. Ele é neozelandês e tinha feito antes outro filme, o também violento Chopper Memórias de um Criminoso com Eric Bana (2000). Ele se inspirou em livroCogan´s Trade, de George Higgins, que é o mesmo de Os Amigos, de Eddie Cole. Seu estilo neste filme está muito próximo de Quentin Tarantino, misturando tempos narrativos, com longos monólogos de macho (dizem que tiradas do próprio livro), cheio de gírias e observações divertidas e inusitadas, que depois explodem em cenas muito violentas e fora do comum (como se o diretor tivesse prazer em apreciá-las em câmera lenta, coisa que não via desde os tempos de Sam Peckinpah).
Na sessão de sexta à noite houve mesmo três senhoras (de não muito idade), que se levantaram e foram embora confirmando que o filme é para o público masculino. E nos diálogos há momentos em que ele usa expressões que me pareceram ofensivas a gays e mulheres (com a prostituta, que, aliás, é praticamente a única presença feminina).
Então temos que suportar meia hora antes de Pitt entrar em cena, acompanhando dois desocupados losers, um mais bonzinho Frankie (Scoot McNary, de Argo), que é chamado por um homem mais velho, dono de camisaria (Vincent Curatola), mas que tem a infeliz ideia de impor um amigo que obviamente não é confiável até porque é drogado (o australiano Ben Mendelsohn, adequadamente repulsivo). Eles são contratados para roubarem um jogo de cartas clandestino que pertence à Máfia. Como já houve outro assalto anterior onde o culpado saiu ileso, eles acham que esse capanga (Ray Liotta) é que levará a culpa. E o problema é que o incidente provoca uma interrupção no carteado e um colapso na economia do submundo.
Entra então Pitt (Jackie Cogan), que tem a missão de arranjar as coisas e castigar os culpados, ainda que esbarre na burocracia dos chefões (nunca vistos). Este comete o erro de chamar um antigo colega (porque ele explica num diálogo de muito humor negro, aliás, a tônica do filme, que é muito constrangedor matar alguém que ele conhece, porque o cara fica implorando clemencia, etc. e tal). E entra em cena por uns vinte minutos o grande James Gandolfini (Família Soprano), mas curiosamente não ficamos sabendo direito seu destino (o roteiro tem disso, elipses, há algumas mortes de coadjuvantes que mal ficamos sabendo).
Nem importa, porque já tivemos que suportar ao menos duas cenas muito violentas e teremos ainda outros assassinatos brutais (ainda que fotogênicos, o que só aumenta seu horror). Mas confesso que o filme me conquistou quando cansado daquelas baboseiras de político, Pitt resolve falar mal do mito Thomas Jefferson (e tudo que diz é verdade histórica) e do que discursa Obama, que os americanos são um povo, uma nação única. Ou será mesmo apenas um grande negócio que de repente perdeu o rumo porque foi roubado pelos próprios grandes bancos e capitalistas? É uma forma intrigante de unir o crime organizado ao governo desorganizado".


                     
**fonte:*NOTÍCIAS R7
             por rubens ewald filho
            *CINEMA 10

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